terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Queridas,

Férias, logo no seu começo, significam promessas. Nossa, e como fazemos promessas para todos, listas de 'coisas que farei este mês' que sempre acabam ficando pra depois. Por problemas de agenda e equivalentes, todas as promessas feitas para amigos e colegas, de encontros e saídas, acabam indo dormir antes do meio do mês. Isto - para os sinceros, claro - desperta o desespero da saudade no coração de cada um, a tristeza e o vazio na alma de quem gostaria de estar acompanhada de boa companhia o tempo todo, como quando em dias letivos. Tudo o que vejo por aí são lembranças e - mais - promessas de saudades. Foi isso que me fez rever algumas fotos e reler alguns posts. Acho que fui um pouco equivocada naquele para as minhas amigas, que fiz há um ano e meio, e quero consertá-lo:



Elas eram quatro. Completamente diferentes umas das outras. Nas suas aparências, gostos, vontades, prazeres, preferências. Se amavam, como prisioneiras voluntárias de uma amizade original.
Vêem-se em vidas com rumos distintos. Enquanto uma sonha em mudar o mundo lendo livros, outra sonha em mudar o mundo e ir para a Lua. As outras duas ainda não tem muita certeza do que as espera, mas eu lhe garanto, leitor, que poderiam ir para onde bem desejarem. Este, na verdade, é um dos fatores mais importantes de todos que suporta esta amizade: o apoio. Mesmo sem concordarem ou se entenderem o tempo todo, sabem quando apoiar, incentivar e até mesmo confortar quando as coisas não dão certo. São sempre sinceras com as suas opiniões e conselhos, regados com os mais puros desejos de felicidade e bem estar. Com o tempo aprenderam a se ouvir, e também a falar. Não há um suspiro que não compartilham.
Ainda é raro estarem todas juntas. Com o passar dos anos e com todas as mudanças nas circunstâncias em que se encontram, parecem se afastar e separar mais e mais. Apenas fisicamente, claro, pois não há um dia sequer que - pelo menos uma delas - não pense nas outras e em todas as piadas que poderiam ter criado. Mas acharam outras formas de se comunicar e de estarem todas juntas. Sempre.
Amizades paralelas não são mais um importuno nesta amizade. Todas tem amigos e amores adicionais, se me permite este nome, mas dentro da roda não há nenhum ciúme. As quatro entendem - não só por causa da distância, mas por causa da simples maturidade que as atingiu um dia - que as outras tem outros em suas vidas, e desde que isso as faça bem, não há nenhum problema.
Aprendem muito juntas. Por serem tão diferentes, não compartilham sempre das mesmas qualidades. O que não é um problema, já que elas se ensinam a compreender e adaptar. Ultrapassam limites, tristezas, tormentas, e eu acredito que tudo isso só acontece pois têm umas as outras.
E ainda juram amizade eterna - e claro, acreditam em todas. Com o passar do tempo, essa coisa de 'amigas para sempre' já não parece mais tão irreal. Quanto mais a distância cresce, mais o carinho se intensifica e duvido muito que isto simplesmente desapareça. A outra opção para a separação definitiva dessas quatro seria alguma traição ou algo do tipo, e isso obviamente não vai acontecer - estou absolutamente positivamente completamente certa disto. A convivência harmoniosa das quatro já está gravada na memória, não só delas mas também de todos que as conhecem, e isso já é o bastante para garantir a eternidade.
Já não brigam mais. E os ocasionais desentendimentos duram minutos, no máximo. As crises individuais estão sempre por aí, mas não há sequer um problema que não possa ser discutido e analisado, e então, claro, superado.
Numa amizade, queridas, não há regras nem padrões, mas amor e fidelidade, e disso nós temos de sobra.
Vocês fazem de mim uma pessoa melhor. Obrigada por isso.
Amo vocês. E o meu para sempre é certo.

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana