Chora porque pela cabeça passa em câmera lenta as memórias preto-e-branco de anos e anos de vida, que lhe dão saudade e um aperto no peito.
Chora porque sabe que tem experiência, que já esteve naquele lugar várias vezes antes.
Chora porque, mesmo com tanta experiência, ainda fica com as mãos geladas e a garganta seca, como se tudo fosse mesmo novidade.
Chora porque os músculos -principalmente os das pernas- queimam com o alívio e satisfação de saber que tudo correu como o planejado.
Chora porque o coração lhe dita com palavras coloridas a história do caminho que correu -as inúmeras tardes e manhãs em que, sempre com suas sapatilhas, viveu seus maiores sonhos.
Chora porque a imagem que vê é linda, vista de cima de um palco oco de madeira, praticamente um lar
Chora porque dançara, porque se fantasiara e se preparara para dançar, então fora prestigiada e depois ainda, aplaudida.
Chora porque sente um enorme e verdadeiro afeto por aquelas pessoas que estão ao seu lado, apertando-lhe as mãos. Chora porque sabe que aquilo que sente é, na verdade, uma mistura adocicada de amor com orgulho, de alívio e satisfação.
Chora porque convém -já que todo coração tem limite.
Chora porque está muito feliz.
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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana