A maior parte dos meus sonhos são apenas surrealismos abstratos de impressões da vida, pouquíssimos me trazem mensagens. Os que o fazem, porém, são bem lembrados e, quando possível, viram textos e histórias.
Há algumas semanas, tive um desses. E apesar de alguns fatores - como o tamanho dos narizes e a cor incrivelmente roxa da parede da sala - sei que deve ser levado a sério, como se meu inconsciente estivesse me dando a benção para fazer exatamente o que penso em fazer há tempos, dizendo-me que estou pronta.
A verdade é que, embora não tenha dito nada por aqui e tenha contado com poucas pessoas apenas, eu definitivamente terminei O dia em que a noite não veio. Gostei do resultado, tanto que o imprimi e encadernei - e não há sinal maior de oficialidade do que a encadernação...
Estive pensando em tentar a sorte, experimentar, mandar para uma editora e ver o que acontece. Passei umas noites procurando editoras, avaliando os catálogos, anotando endereços. Mas é preciso superar a vergonha, a apreensão e a insegurança antes de fazer qualquer coisa e, até algumas semanas atrás, achava que ainda não estava preparada. Acontece que tive aquele tal sonho, no qual tenho uma reunião com um editor (este que tem a sala roxa e o nariz inacreditavelmente enorme). Tenho a impressão - porque nos sonhos algumas coisas ficam sabidas mesmo sem ser ditas - de que estava na Companhia das Letras (o que foi bastante pretensioso do meu inconsciente, mas tudo bem) conversando sobre uma publicação para a minha história.
Espero que não seja um sonho premonitório, pois aquela conversa tomou rumos esquisitíssimos e, de repente, estávamos na casa da minha avó - e é tudo que vou dizer sobre isso... Mas tenho quase certeza de que foi sim uma benção, e que vale a pena largar de frescura e tentar fazer algumas coisas boas acontecerem.
Acho que vou no correio nessa semana, mantenho-os informados.
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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana