domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nota:

Não se deixe enganar pelo sorriso e as feições gentis... Aqui dentro meu peito ainda bate com a ferocidade de uma besta.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Andante

com hora marcada, cansada, na chuva, sem rumo, com pressa, perdida, levada por um fluxo, atrasada, por andar, levada por um impulso, para perder peso, de cabeça baixa, para me sentir no meu lugar, com dor nos pés, para chegar lá, até corri...
de qualquer jeito, toda caminhada é melhor quando há alguém lhe esperando do outro lado.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bela expressão

O violino começa. O piano acompanha. Um segundo suspenso no ar, enquanto a nota sustenida se alonga e a cortina ainda não sobe – mas é pouco tempo. Logo as luzes cintilam, o palco já aparece e bem no seu centro, imobilizada e perfeita, a bailarina espera. 

Sua dança começa, a rotina que treinara tantas e tantas vezes. Todo o esforço pela perfeição, agora sendo recompensado. A platéia é seu horizonte, o palco é sua vida. Valsa em seu sonho. Seus olhos, mais do que o seu sorriso aberto, brilham e abraçam a platéia em orgulho e egoísmo. 

Sei no que pensa. Pensa que agora deve dar o melhor de si, pois este é o momento de sua vida. Tem que se esforçar bastante para mostrar o andeor tão trabalhado. E nesse instante que passou, deveria ter esticado mais o joelho – lembra-se da aula em que a professora lhe chamou a atenção. Gosta de sua professora como se fosse sua mãe... E aquele pedaço do palco está escorregadio, tem de tomar cuidado quando chegar a hora das pirouettes. Arrepende-se da briga que teve com a sua mãe um pouco mais cedo, talvez devesse pedir desculpas. Será que ela está na platéia? Espera que sim, pois assim terá visto aquela arabesque maravilhosa. Acha que sua mãe se orgulha de vê-la no palco. Pelo menos sabe que compreende a sua paixão, disso tem certeza. A pirouette dupla saiu perfeita, que bom. Talvez o jantar hoje seja pizza, mas acha que vai preferir uma sopa mesmo... Olhe quantas pessoas na platéia, assistindo-a apenas, invejando seus gestos delicados, querendo estar em seu lugar. Não podem, aquela dança é sua – ela mereceu o solo, a fantasia, a atenção. Quanto poder, não?, tem todos aqueles corações na sua mão, controla-os com os movimentos de seus braços. Como é bom ser bailarina, desejada, invejada e querida...  6, 7, 8... Momento crucial da dança, concentra-se: demi plié, grand-jete, cambre, respire, lembre-se do joelho esticado, esqueça a dor no pé, pirouette, fim da música. 

Explosão de aplausos e orgulho – derrete-se em sorrisos, cumprimenta a platéia, agradece o carinho.