quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O que o edredon não aquece

Os meus pesadelos são raros, esparsos e pouco definidos. Felizmente, da minha coleção de problemas para dormir, sonhos ruins não fazem parte do catálogo.

Tenho um pesadelo recorrente, porém, que de vez em quando faz uma visita só para ter certeza de que eu ainda não o esqueci. É normal, eu soube, estes sonhos que vêm de novo e de novo e tocam justo o seu ponto fraco. O meu, não que eu possa explicar, envolve vulcões.

É sempre o mesmo cenário - uma vila, com casas de pedra e chão de terra. Pessoas caminham de bicicleta. Eu, acompanhada de um pequeno grupo com algumas das pessoas mais próximas a mim - este grupo, sim, varia - passeio pela vila com os pés descalços, sem procurar nada específico. De repente, a vila esvazia. Não há mais ninguém por perto, nem os meus amigos. De alguma forma descubro que o vulcão está ativo e prestes a entrar em erupção. Perdia, solitária, não sei onde me esconder e começo a correr - pés descalços - para o lado oposto.

Tenho gravado na memória o barulho que a lava faz ao me perseguir, um tipo de som rochoso, unitom, muito alto. Eu corro, não olho para trás. O som cada vez mais alto, perturbador. A lava escaldante quase toca os meus calcanhares. Às vezes me alcança e eu fico só com um braço para fora, tentando me agarrar ao ar. Na maior parte das vezes, porém, acordo antes.

Não consigo explicar, qualquer tentativa é vã. Também não sei quando foi a primeira nem a última vez que tive este sonho. Mas está ai, meu companheiro...

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana