terça-feira, 31 de janeiro de 2012

3ª parada, Av. Consolação

era esquisito, sem dúvida. do jeito que andava pela calçada, cambaleava pela avenida, rastejada pela vida. os ombros tortos, como quem carrega peso, a mão esquerda balançando livre na altura do joelho enquanto a direita segurava o elástico da calça na cintura. e que cintura fina, magra, ossuda. vinha mancando, mal dobrava os joelhos, um pé aqui e outro alí nos chinelos de couro gastos. roupas escuras, sujas, rasgadas nas barras. poeira nos cabelos e barba. o ponto de ônibus, cansado, desconfiado, o observava se aproximar com o canto do olho. e ele vinha, fungando, respirando com dificuldade - a boca aberta, a tosse, o barulho úmido do nariz entupido. estava perto do ponto, que agora o encarava com frieza. parou de repente. fungou mais uma vez e deixou juntar na boca a mistura rançosa. malicioso, olhou aos pés no ponto. examinou os sapatos. fixou-se na senhora de sandálias, ergueu uma sobrancelha, exercitou as bochechas, posicionou os lábios e

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana