sábado, 27 de fevereiro de 2010

Se curiosidade matasse...

... eu não havia nem nascido. Confirmei isso hoje mesmo, assistindo "O Amor Segundo B. Schianberg", filme brasileiro atualmente em cartaz, do diretor Beto Brant. 

Inspirado no personagem Benjamin Schianberg, do romance Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios de Marçal Aquino, o filme traz a convivência de uma vídeoartista e um ator, durante três semanas em um apartamento em São Paulo, nas idas e vindas da paixão e na construção do amor. Montado e filmado como um verdadeiro reality show, com câmeras espalhadas pelo apartamento, gravando todos os momentos dos dias da paulistana protagonista com zooms óbvios e ângulos estranhos, é todo recortado e segue uma forte tendência nonsense, que piora e se agrava ao longo do filme. Os diálogos são sempre plausíveis, as discussões esperadas, e, portanto, os personagens são simplesmente  humanos.

Fui levada ao cinema pela curiosidade. Observar a construção do amor em um ambiente tão familiar é algo de fato curioso. Também, pensar em como uma história que se passa inteira em um apartamento, pode se desdobrar no pouco espaço que tem e nas circunstâncias em que se encontra, e ainda apresentar um bom resultado. 

Enganei-me porém. Fora a mais pura e trivial curiosidade que me manteve na sala até o final da sessão, não há mais nada no filme. Se descartarmos a vontade que temos de descobrir o que e como a vida dos outros acontece, principalmente enquanto não estamos olhando, não há nada no filme. Nada. 

É tudo muito óbvio apesar de seu nonsense; tudo muito oco apesar das constantes discussões e criações artísticas; tudo muito humano apesar da forte presença da arte na vida dos dois personagens.  

 Infelizmente, este filme eu não recomendo. 

Um comentário:

  1. Jorge Gustavo02 março, 2010

    Como vc escreve bem, menina! Bem se vê que é filha dos seus pais.

    Li seu post sobre a montagem da Noviça Rebelde a qual tb assisti, mas não tive um décimo das percepções que vc teve.

    Talvez porque A noviça rebelde remeta-me a lembranças paternas.

    Parabéns!

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana