domingo, 30 de maio de 2010

Satisfação

Quando se lembrava da grama que roçava em seu pescoço, estremecia. E sentia alguma coisa balançar em si, na altura de seu estômago - um pouco mais acima, na verdade - algo que já havia sentido antes, inchado, pesado, prestes a estourar.
Levantou-se. Sorria. Suas bochechas coravam. Amava, sabia. 
Amava aquele algo novo que pulsava dentro de seu peito, com um tique um tanto nervoso mais que a certificava que ainda existia. 
Amava as palavras que agora saiam de sua boca, criadas pela sua própria imaginação, sem nenhum controle ou aviso prévio - tudo em si era imprevisível. Mas depois de tantas idas e vindas em si, sabia já o que havia de amar e o que se podia muito bem desprezar ou até ignorar. E aquilo - ah, sim! aquilo podia amar, com bastante ternura.

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana