quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Um bloqueio consertado

Me lembro de quando tudo isso começou. Me lembro de ser pequena ainda, na praia com a minha família. Nossa, mas que família linda nós éramos. Lembro como queria ir para o mar, pular todas as ondas que viessem, grandes ou pequenas, e nadar até que as pontas dos meus dedos estivessem enrugadas.

Mas agora, percebo que sempre tive medo do mar. Toda aquela incerteza das ondas, toda aquela espuma.

Me lembro da última vez que fui para a praia e que não foi tão bom como eu imaginava. Corri em direção ao mar, tentando me lembrar o que era aquilo que me fazia mergulhar de cabeça em todas as ondas. Parei no meio do caminho. Por um momento quis começar a chorar. Agachei na sua frente, meus dedos tocaram na água fria sem querer. Só senti frio, mais nada.

Foi a mesma coisa que senti quando andei de montanha-russa pela primeira vez. Frio, mais nada. Enquanto todas as outras pessoas à minha volta gritavam e se contorciam, eu não conseguia sentir nada.

E minha voz, então, tinha a perdido e não fazia idéia de onde começar a procurar. Beirava a insanidade.

Sofri muito. Chorei bastante. Queimava por dentro, latejando com a incerteza da causa - ou da culpa.

As palavras que não conseguiam sair, as sensações que não conseguia distinguir, o desespero de me encontrar dentro de algo que ainda não havia decidido o que era. Estava querendo me assumir como uma alma perdida, mas mesmo isso eu não tinha certeza do que queria dizer.

O caos emocional me desesperava.


Mas então, um dia tudo se curou. Quando eu vi os seus pequenos olhos pela primeira vez, quando a sua mãozinha enrugada apertou a minha pela primeira vez, quando ouvi o seu choro pela primeira vez, quando eu o chamei de "irmão" pela primeira vez, encontrei aquela "paz interior" que eu nem sabia que tinha mas que foi a solução de todos os meus problemas

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana