A noite estava escura e ele se sentia sozinho. O reflexo da Lua grande e redonda brilhava no lago vazio. A fogueira estavala com as suas últimas labaredas e o vento cantava suavemente. Seus cabelos e cobertor que o mantia quente balançavam, como em uma dança estranha. Estava tudo muito quieto e mesmo assim, barulhento.
Olhava para cima e só conseguia ver as estrelas que brilhavam no céu escuro, como um sopro de purpurina em uma cartolina preta. A Lua estampada nas águas do lago não existia no céu.
Pegou o violão que estava deitado no chão perto de seus pés e dedilhou um acorde. A musica dos insetos era muito mais bonita. Jogou o violão no fogo e respirou fundo. "Por que acabei de jogar o violão do meu avô no fogo?" pensou cansado, mas como não conseguiu achar uma boa resposta, voltou a olhar a Lua no lago.
Nunca tinha visto reflexo mais bonito. Era a Lua mais estranha que já tinha visto antes. Redonda, brilhante e misteriosa. Perfeita dançarina nas águas escuras.
Pegou alguns gravetos que estavam ao seu alcance e jogou-os no fogo também. Agora as labaredas eram altas e laranjas. "Estou cansado de abóboras" disse em voz alta, mesmo sem saber por quê.
Olhou para atrás, mas só conseguiu ver as sombras das árvores. A Lua do lago ainda era a coisa mais bonita daquele lugar. "Não posso esquecer de colher aqueles morangos que nasceram na macieira" lembrou de repente, com um certo nervosismo.
A Lua no lago continuava linda. O céu continuava estrelado. Tudo era igual o tempo todo.
Tirou os sapatos e jogou-os na fogueira, junto com o cobertor. Encarava a Lua no Lago com uma paixão que nunca tinha sentido antes. A Lua era a melhor coisa que já havia lhe acontecido.
Entrou no lago com deixando a água chegar a altura de seu umbigo, pescou um peixinho prateado que passava por lá. Segurou-o bem forte com as duas mãos até que ele parasse de se debater.
Olhou para a Lua mais uma vez, mas desta vez ela não estava perfeita. Ela estava estragada. Havia um pedaço faltando, um pedaço em forma de peixinho
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Mário Quintana