sábado, 2 de agosto de 2008

Echarpe vermelha

E lá estava eu. Naquela noite escura e fria, na ponta da ladeira, na frente do meu carro, que estalava de vez em quando para estragar o silêncio que me envolvia. Olhava para as estrelas, mas não achava o que procurava. A grande resposta que esperava. Lá na frente à cidade. A mais linda vista. A cidade toda iluminada, os prédios, os carros, as pessoas que continuavam com suas vidas, que cumpriam a rotina sem hesitar, seres humanos, com leves sentimentos, nada que se possa chamar de verdadeiro.

A vida passando diante de meus olhos. E eu lá. Sem fazer nada. Somente, tentando pensar em algo, tentando me concentrar. Mas era muito difícil. Há certas coisas que te atordoam para sempre, que você não consegue tirar da sua cabeça. O problema é que eu não conseguia lembrar o que tinha se passado. Olhava no meu relógio a cada 5 minutos, mas não conseguia lembrar o horário. Só conseguia lembrar que era uma quinta-feira, e que tinha acordado para ir trabalhar, mas algo aconteceu e eu acabei indo para a casa de Alice.

Fiquei lá como petrificada. Uma buzina distante me acordou. Lembrei porque estava lá o que tinha feito de tão horrível que não conseguia nem pensar. Eu tinha feito uma coisa tão terrível que nenhum ser humano seria capaz de fazer. Se é que eu poderia ser chamada de ser humano.

Tinha ido para a casa de Alice para pegar a minha echarpe vermelha que tinha deixado lá no dia anterior. Estava saindo quando ouvi um grito vindo de dentro da casa. Vi, então, um homem todo de preto, Alice no chão, no pé do sofá, com sangue nas mãos e no rosto. Percebi uma arma no chão perto de mim. Sem ele notar a minha presença, e sem pensar no que fazer, pequei a arma e puxei o gatilho. O homem caiu no chão com um berro. Aliança no dedo, garrafa na outra mão. Seu rosto me era familiar, mas estava atordoada, e não conseguia lembrar quem era. Era o marido de Alice. Bêbado, e na minha frente morrendo. Mas, o pior detalhe eu guardei pro final, a coisa mais assustadora da historia inteira. Alice, meu querido leitor, era minha cunhada.

(Este foi o primeiro texto que escrevi por vontade própria, e que gerou todos os outros que estão dentro e fora deste blog)

2 comentários:

  1. muito bom!!!gui

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  2. muito boom! Eu levei umas horas pra lembrar que a cunhada é a mulher do seu irmão, ou quem sabe não... mais eu curti xuu.
    te amo <3

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"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um deles é burro"
Mário Quintana